A Fonte das Pedras foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, através do Processo n 600-T-1959 e inscrita no Livro do Tombo de Belas Artes, Inscrição n 472, de 12 de julho de 1963, por seu valor histórico, arquitetônico, artístico, urbanístico e cultural para a nação brasileira. É também parte integrante do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico de São Luís, tombado pelo Governo do Estado do Maranhão, através do Decreto Estadual n° 10.089 de 06 de março de 1986.

No século XVII a nascente de suas águas já estava sinalizada no mapa do núcleo fundacional de São Luís projetado pelo engenheiro militar português Francisco Frias de Mesquita no ano de 1615. Palco de importantes fatos históricos ligados a história da cidade de São Luís e do Maranhão, a antiga fonte de águas puras e cristalina da ilha de Upaon-Açu, utilizada pelos nativos Tupinambás desde tempos imemoriais, foi muito disputada durante o período colonial por ser o mais importante e estratégico local de fornecimento de água potável para o abastecimento de navios que aportavam na cidade.

A Fonte das Pedras está ligada a importantes fatos históricos como a expulsão dos franceses do Maranhão e a invasão holandesa. Em 31 de outubro de 1615 as tropas portuguesas comandadas por Jerônimo de Albuquerque acamparam na Fonte das Pedras a fim de garantir o suprimento de água necessário para sitiar por terra, o Forte São Luiz, que estava sob o domínio dos franceses, chefiados por Daniel de La Touche, o Senhor de La Ravardière. Por mar os franceses foram cercados pela armada portuguesa de Alexandre de Moura que ordenou o ataque ao Forte por terra, ocasionando a rendição dos franceses que entregaram o Forte no dia 4 de novembro de 1615. Durante a invasão holandesa (1641- 1644) os batavos percebendo a importância da Fonte para ○ seu abastecimento e projeto de conquista, como estratégia de guerra, tomaram o local e cortaram dessa forma o acesso dos portugueses ao abastecimento dos seus navios. No controle da Fonte, os holandeses fizeram a primeira construção da canalização das suas águas.

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Sobre sua História

No século XVIII, no período pombalino, ○ governador do Maranhão Joaquim de Mélo e Póvoas (1761-1765), irmão do Marques de Pombal, promoveu uma série de melhorias urbanísticas na cidade de São Luís e como parte destas melhorias, no ano de 1762 reconstruiu a Fonte das Pedras que estava em estado de ruínas, recuperando sua canalização.

Durante o governo de Bernardo Silveira Pinto, em 1820, a Fonte que estava novamente arruinada, foi completamente reconstruída, ganhando sua feição atual com frontão de alvenaria, calçamento, galerias subterrâneas, bicas e carrancas em mármore de lioz português.

Doze anos após a reconstrução, em 1832, o sistema de escoamento apresentou problemas e a Câmara Municipal de São Luís solicitou providências. O engenheiro maranhense José Joaquim Pereira Lopes apresentou um projeto para um melhor escoamento das águas das bicas para que não ficassem estacionadas e o mesmo foi executado.

O projeto de reconstrução da Fonte das Pedras elaborado e executado no período (1820-1832) possui notável mérito artístico e arquitetônico, tendo seguido os cânones do estilo barroco e da arquitetura luso-brasileira. O frontispício, formado por quatro pilastras encimadas por entablamento, suportam frontão com curvas e contracurvas. Na parte inferior do frontispício há cinco carrancas em cantaria (mármore de lioz português) por onde escoam as águas vindas de várias nascentes. O sistema hídrico de captação de águas das nascentes funciona por gravidade. Verdadeira obra de engenharia: as águas das nascentes são captadas em um tanque externo retangular onde há decantação e as águas são conduzidas por manilhas de barro (bitola de 100mm) até as bacias cobertas por cúpulas em alvenaria de tijolos maciços – técnica romana, onde há decantação e posteriormente, canalizadas através de diques existente nos pisos das galerias subterrâneas, que conduzem água até a boca das cinco carrancas localizadas no frontispício.

No ano de 1950 o terreno da Fonte, um bem público municipal, foi vendido para o Cotonifício Cândido Ribeiro, formado pelas fábricas Santa Amélia e São Luís, sendo murado e o acesso ao público proibido causando um descontentamento para toda a população circunvizinha. Este fato ocasionou uma resistência da população que teve como líder do movimento, José Moreira, morador de um sobrado ao lado da Fonte que dedicou parte da sua vida na defesa do monumento. A população de São Luís encaminhou uma carta ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, pedindo o tombamento da Fonte das Pedras como forma de proteção, ressaltando sua importância para a comunidade e também para a história do Maranhão. O Processo de tombamento foi aberto em 1959 e concluído em 1963. Com esta grande vitória da população de São Luís em defesa do seu patrimônio histórico, em 1975 o terreno da Fonte foi desapropriado, voltando a sua propriedade novamente para o Município de São Luís. Na ocasião a Fonte passou por obra de restauração e o terreno em volta dela, que tinha sido murado, recebeu um portão que passou a protegê-la.